
Pouco depois do Ano-Novo de 2019, a empresária e miss Janaína Bonassi, então com 35 anos, acordou de súbito por volta das duas da manhã. Ela se sentia ofegante e desmaiou. Quando despertou, soube que havia sofrido uma parada cardíaca e que foi salva por sorte.
“Estávamos toda a família em um resort comemorando o Ano-Novo. Meu marido começou a revezar uma massagem cardíaca com a nossa babá, que contratamos para a viagem. Ela era enfermeira e ajudou usando o desfibrilador. Foi graças a eles que segui viva”, conta Janaína.
Ela foi levada ao hospital ainda inconsciente, mas já com pulso. A miss só recobrou a consciência duas horas depois, quando soube que tinha um distúrbio genético que afeta o ritmo do coração, o QT Longo, que quase causou sua morte súbita.
Moradora de Horizon West, na Flórida, nos Estados Unidos, Janaína agora usa sua história para alertar sobre os riscos da doença e a importância do check-up cardíaco.
O que é a síndrome de QT Longo?
A condição, segundo especialistas, pode causar arritmias fatais mesmo durante momentos de repouso, como o sono. Ela é caracterizada por um prolongamento anormal entre os pulsos do coração que aparecem nos exames de eletrocardiograma, por isso ganhou o nome de QT Longo.
Segundo a cardiologista Julia Tormin, a síndrome do QT Longo altera o tempo que o coração leva entre os batimentos. Esse intervalo prolongado aumenta o risco de arritmias graves e morte súbita, especialmente sem diagnóstico.
“Os sintomas podem ser quase invisíveis. Em muitos casos, o problema só aparece em exames como o eletrocardiograma. Em outros, se manifesta em desmaios, palpitações e até convulsões após sustos, exercícios ou durante o sono”, explica.
Quais os sintomas de QT Longo?
Em muitos casos, não há sintomas, e a condição é detectada apenas no eletrocardiograma (ECG). Quando existem sinais, eles em geral são relacionados às arritmias e incluem:
- Desmaios (principalmente relacionados a esforço físico, sustos e emoções repentinas ou durante o sono).
- Batimentos cardíacos irregulares ou acelerados.
- Palpitações (sensação de batimento forte ou irregular do coração).
- Convulsões, em alguns casos, que podem ocorrer devido a uma arritmia grave.
Pessoas com os sintomas devem procurar um médico para avaliação.
A vida após a parada cardíaca
A parada cardíaca mudou a vida de Janaína. Ela agora usa um marca-passo para monitorar seus batimentos e corrigir as arritmias com choques.
“Sempre tive uma vida muito ativa e não percebi sintomas. Vinha me sentindo cansada, mas era mãe de duas bebês na época e levei isso como parte da maternidade”, lembra.
Ela relata que o maior desafio não foi físico, mas emocional. O trauma da parada, o medo de dormir e a presença constante de um dispositivo no peito criaram um estresse diário. As mudanças também impactaram o exercício físico e a rotina familiar.
Um diagnóstico para a vida
A síndrome exige cuidados constantes. Alimentos, hidratação, controle de minerais e vigilância com remédios são parte do cotidiano. Janaína diz que “não é uma fase”: conviver com a condição é parte da vida daqui para frente.
“O QT Longo se tornou o meu presente e o meu futuro. Tenho essa condição cardíaca e todos os dias preciso lembrar dos pequenos cuidados, que remédios tomar ou não, que exercícios fazer ou não, me manter bem hidratada. Tudo para que a condição não piore”, afirma.
A empresária lançou um livro chamado Coração de Esperança em 2025. Dez por cento das vendas irão para ações de prevenção e suporte a pacientes com risco cardíaco.
Hoje, ela aconselha que todos, inclusive jovens e pessoas saudáveis, façam exames cardíacos. A falta de sintomas não significa ausência de risco. “A parada cardíaca não tem idade”, diz. “Pode acontecer com qualquer um, a qualquer momento.”
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